terça-feira, fevereiro 10, 2009

A girafa Constipada

A girafa Catarina era uma linda girafa pequenina, pois ainda era menina. Como todas as meninas pequeninas a nossa girafinha gostava brincar, saltar e pular. Mas também gostava de comer as folhas verdinhas e apetitosas das árvores altas da selva, que eram as mais saborosas. Na verdade as girafas adoram essas folhas e como as mais apetitosas nascem logo nos ramos mais altos das árvores, todas as girafas para as poderem comer têm um elegante pescoço comprido, mas bonito e colorido. Contudo a pobre girafinha tinha um problema que a andava a maçar, é que ela passava vida constipada, o que para uma girafa é uma grande trapalhada. Pois, com aquele pescoço comprido e a passar vida a espirrar, a pobre girafa via-se muito embaraçada. Assoar o nariz com aquele pescoço comprido era uma confusão e por vezes derrubava as folhas para o chão. A girafa Cristina que era mãe da girafa Catarina começou a ficar muito preocupada coma situação, pois cada vez que pequena girafinha se constipava era uma complicação. O que valia era que raramente chovia e com o sol a brilhar a constipação costumava ser rápida a passar.
Mas um belo dia estavam as duas girafas mãe e filha a almoçar as folhas apetitosas pelas quais eram tão gulosas e estavam tão entretidas e distraídas que nem deram por aparecerem umas nuvens atrevidas e um pouquinho malvadas, que vendo as girafas distraídas, acharam piada deixá-las todas molhadas. As pobres girafas estavam tão distraídas a comer que, quando começou a chover foram apanhadas desprevenidas, e não tinham onde se esconder. As pobres girafas ficaram encharcadas, foram para casa a correr mas já estavam todas molhadas. Tentaram secar-se o mais rápido que podiam e conseguiam, mas já não havia nada a fazer a girafa Catarina ficou tão constipada que nos dias seguintes nem conseguia comer. Foi então que a sua mãe decidiu levá-la ao médico.
O melhor da selva era o Doutor Hipopótamo Heitor, que, por ser gago era conhecido como o Doutor Heitor Tor, pois sempre que se apresentava, ficava um pouco nervoso e gaguejava. De início, o Doutor Heitor Tor pensava que os outros animais da Selva estavam a gozar com ele por ser gago, até que compreendeu, que alguns animais nem se apercebiam da sua gaguez e pensavam mesmo que aquele era o seu nome. Viu que afinal não faziam por mal, que não era por malvadez, nem estavam a gozar com a sua gaguez, e até começou a achar piada ser conhecido como o Doutor Heitor Tor.
Assim que a Girafa Catarina se aproximou, mal podendo falar, o Doutor apresentou-se:
- Olá bem-vinda ao meu consultório. Eu sou o Doutor Heitor Tor e quero curar a tua dor!
_ E eu bem preciso Senhor Doutor.- Respondeu a girafa numa voz muito sumida e fanhosa, pois tinha a garganta dorida e estava muito ranhosa.
Nem precisou de falar mais, para O Doutor Hipopótamo perceber o que estava a acontecer:
- -Pobre menina tens uma doença rara das girafas, é uma Girafite aguda, que faz com que constipes com muita facilidade. Tens de andar com o pescoço bem agasalhado, se não isso nunca vai ficar curado., e tens também de beber muito sumo de tangerina. A girafa Catarina respondeu que era fácil beber o sumo da tangerina mas o que ia ser difícil lera ter o pescoço agasalhado, era muito complicado.
O Doutor Heitor Tor depois de muito pensar chegou à conclusão que um cachecol fofinho era o melhor para agasalhar, o pescoço comprido da girafa Catarina e também lhe aconselhou quem lho podia tricotar, a sua amiga aranha Teca, que morava no cimo da Colina.
A girafa Catarina, ficou cheia de medo e disse ao doutor que tinha ouvido dizer que a aranha Teca era muito perigosa, e tinha uma enorme teia gigante onde que prendia quem apanhasse desprevenido e que enfeitiçava quem por lá passava e nunca mais ninguém voltava.
O Doutor riu a bom rir, e disse que tudo isso era um disparate sem nenhum sentido, que tinham inventado por ela morar num sítio muito escondido e ser uma aranha muito grande. Alguns animais tinham também muita inveja da Aranha ser tão habilidosa e ter uma fabulosa teia, por isso inventavam mentiras para afastar quem a quisesse visitar. Tranquilizou-a, dizendo que era amigo da Teca, que, já lhe tinha tricotado roupas para o seu filho bebé. Por isso aconselhou a Girafa a dizer que a ia aconselhada pelo seu amigo Doutor Heitor Tor, fazer o pedido de lhe tricotar um cachecol para o pescoço comprido. Como a Girafa Cristina confiava muito no Doutor não hesitou em levar a sua menina a Aranha para lhe pedir então o favor de lhe tricotar um cachecol. O caminho era ainda um pouco demorado, e Aranha morava mesmo no cimo da colina numa gruta isolada.
Assim chegaram lá depois de uma grande caminhada. Encontraram a aranha muito atarefada a tricotar um belo cachecol amarelo às bolinhas que parecia mesmo a pele das nossas girafinhas.

-Entrem, entrem, disse amavelmente sem parar de trabalhar.
-Já sei o que aqui vêm buscar! Está quase pronto a usar!
- Obrigada Dona aranha, mas como sabia?
- O doutor Heitor teve medo que demorasse para me encontrar, por isso pedia à amiga pomba Maria o favor de me avisar, que me viriam pedir uma cachecol para um a girafinha se agasalhar.
As girafas estavam encantadas com a teia brilhante e colorida onde a aranha Teca se encontrava a trabalhar e gentileza da Aranha era de pasmar. O Doutor Heitor tinha razão, melhor tricotadeira não se encontrava na região. Por isso era a inveja que a muitos fazia falar e a difamar.
A aranha como pagamento só quis que girafa lhe alcançasse umas folhas verdes e umas flores que ela não conseguia alcançar, para sua casa decorar.
Assim mãe e filha foram-se embora muito contentes, com um cachecol lindo de encantar no pescoço da girafinha Catarina que agora estava quentinho, com aquele cachecol fofinho. Assim nunca mais se iria constipar.
Conto escrito e ilustrado por mim (Flora Rodrigues) com participação da minha filha de 3 anos e meio que escolheu o nomes dos personagens do Doutor e da Aranha.
Dedicado à minha sobrinha Catarina Aleixo.
(Post programado)

domingo, outubro 12, 2008

O CARACOL PREGUIÇOSO E A NUVEM TRABALHADORA

Era uma vez um caracol que andava a passear todo contente com as suas antenas ao sol. Enquanto passeava ele ia cantarolando: Que lindo dia de sol! Para andar passear Que lindo dia de sol! Eu sou um belo caracol Que anda aqui a cantar… Lá lá lá lá lá lá…… Andava então na sua vidinha muito satisfeito o caracol, espevitando muito contente as suas antenas o sol, a passear de folha verdinha em folha verdinha. Todo contente e satisfeito, mordiscava uma folhinha aqui, mordiscava uma folhinha ali e ia dizendo a toda a gente que encontrava que aquele era um belo dia. Um dia perfeito. Sim um dia perfeito para um caracol preguiçoso que nada gostava mais de fazer senão passear e comer alegremente de antenas ao sol. Enquanto o caracol andava assim alegre na sua vida, espreitava uma nuvem marota e atrevida: -“ Que bela vida tem este caracol. Deve ser bom, nada mais ter para fazer, do que passear ao sol. Mas eu tenho trabalho a fazer e por isso o sol vai desaparecer e agora vai chover”- pensou a nuvem divertida com a grande partida que ia pregar ao caracol que andava a passear -“coitado, quando der por ela, nem a casota lhe vai valer. Vai ficar todo encharcado!”- e riu-se num riso de nuvem muito molhado, pois ao mesmo tempo começou a enviar uma grande quantidade de gotas de água grossas e fortes que ao chegarem à terra deixaram tudo encharcado. O nosso caracol, é que inicialmente nem se apercebeu do que aconteceu. Tinha comido e passeado tanto que acabara por ficar cansado, e recolhendo-se para dentro da sua confortável casinha que sempre viajava nas suas costas adormeceu, bem instalado num folha comprida e verdinha. Mas com a força da chuva, a folha abanou e o pobre caracol rebolou e acordou! Tinha caído numa pequena poça de água que se tinha formado e ao sair cá para fora, com a curiosidade de saber o que estava acontecer, e tinha ficado encharcado. Olhou para o céu admirado,”para onde teria ido o sol?” pensava o pobre caracol todo molhado e desapontado. Lá bem no alto no céu, estava entretida a brincar a nossa nuvem atrevida. Já se cansara de trabalhar. Agora era a sua vez de andar entretida. Ia começar a brincar ao faz-de conta das nuvens, acabava de fazer de conta que era uma nuvem flor quando ouviu o caracol a resmungar:
 -Estava um dia tão bonito e tinha que vir uma nuvem pateta fazer chuva para o estragar! -A nuvem ofendida e muito inchada decidiu que estava na hora de responder àquele caracol preguiçoso que não fazia nada.  Assim começou a chamar o caracol:
-Pssst pssst senhor caracol! O caracol olhava, olhava e nada via em seu redor. -Pssst pssst senhor caracol! Procure melhor! O caracol continuava a olhar a para todo o lado sem ver quem o estava a chamar. -Pssst! Pssst! Senhor caracol! Procure melhor! Sou eu a nuvem que estou aqui em cima ao pé de si!
 -Ah! Só podia ser! - respondeu o caracol com cara de caso e de poucos amigos, pois não tinha gostado nada de ter ficado encharcado.
 - Onde é que já se viu molhar as pessoas que andam a passear, assim sem mais nem menos, sem sequer avisar? –resmungou amuado.

- Sabe senhor caracol enquanto andava o senhor a passear de antenas espevitadas ao sol, eu estava a trabalhar para que o senhor se pudesse alimentar e abrigar!
-A trabalhar?! Chama trabalhar a encharcar as pessoas? -retrucou indignado o caracol.- Mas a nuvem muito calma e a sorrir continuou:
- Sim a trabalhar! Se o senhor teve folhas verdes e apetitosas para se deliciar e abrigar a descansar, do seu passeio,foi graças a mim, mas se não fosse eu receio que passasse fome. Pois se eu não enviasse uma boa carga de água para que as plantas se pudessem alimentar e renovar ficado verdes viçosas, estas não só deixariam de ser tão apetitosas como morreriam de fome e de sede. Não morrerias tu de sede se deixasse de chover? O que irias beber? Talvez não fosse agradável ficar encharcado, mas olhe como está tudo mais bonito e verdinho! Ou vai dizer-me que não tinha notado?
O caracol envergonhado com o seu egoísmo reconheceu que nunca tinha pensado que de facto a nuvem tinha razão. E também não era assim tão grave nem desagradável ter-se molhado, pois até se tinha refrescado e num instante tinha secado. Assim a nuvem e o caracol fizeram as pazes e tornaram-se grandes amigos, pois às vezes podia não parecer , mas se o caracol e outros seres viviam não era só ao sol que o deviam, mas também a nuvem que fazia chover para que as plantas pudessem e eles e os outros seres vivos tivessem água beber.
Conto escrito e ilustrado por mim dedicado à minha filha Bárbara, inspirado num Conto de António Torrado. Flora Rodrigues 12 de Outubro de 2008

sexta-feira, fevereiro 29, 2008

A zebra que perdeu o pijama

A Alexandra era uma pequena e jovem zebra conhecida na sua selva por Xana das Riscas, pois como qualquer Zebra que se preze, a Xana exibia orgulhosamente um lindo pijama riscas, que cobria todo o seu corpo. Era do conhecimento de todos, que as Zebras eram senhoras de lindos pijamas às riscas e que nunca os largavam. A história que vos vou contar começou numa bela manhã de sol. A jovem zebra Xana acabara de acordar e como sempre dirigira-se ao rio para beber água e despertar, quando para sua surpresa, junto da sua amiga Libélula Bela, fizeram uma assustadora descoberta. Bela olhou para Xana e verificou que esta, estava sem riscas e perguntou-lhe:
- Que aconteceu ao teu pijama, para onde foram as tuas belas riscas? Estás tão estranha que, nem te reconhecia!
A Xana pensou que a Bela acordara com vontade de brincar e nem ligou.
- Ora que brincadeira, mais tonta, como havia de eu perder as riscas? Tens com cada uma - retrucou a jovem Zebra rindo-se e foi beber água.
Mas ao beber água verificou que o seu reflexo na água, aparecia sem riscas nenhumas. Olhou e voltou a olhar. Como podia tal acontecer? Nem estava a acreditar.
- Quer dizer, que não estavas a brincar Eu estou mesmo sem riscas!!!! Onde está o meu pijama?
- Desculpa Xana, mas eu estava a falar a sério. Eu quase nem te reconhecia. Quis-te avisar, mas não me acreditaste. Não o deixaste na cama?
- Claro que não Bela. Sabes que as Zebras nunca despem os seus pijamas. Fazem parte delas. Eu ficaria sem pele!!!
-Mas não tens pijama e tens pele!
-Isto é muito estranho. E agora o que faço?
- Vamos procurar se alguém viu o teu pijama. Anda, eu ajudo-te a procurar.
-Sim .Vamos, respondeu a Xana.
O primeiro lugar que foram procurar foi na cama da Zebra. Mas dentro da relva fofinha onde a Xana dormia, não estava nenhuma risca perdida, nem rasto de que alguém lhe pudesse ter roubado o seu pijama. O único rasto que existia, era o das patas da Xana até ao rio. Decidiram procurar então ao longo do rio, para ver se encontravam quem tinha visto o pijama da Xana.
Já tinham andado uns metros quando avistaram o Elefante Mirante e o Crocodilo Murilo.
Com o elefante estavam à vontade, mas com o crocodilo todo o cuidado era pouco. Para falar com ele tinha de ser ao longe e convinha ter a certeza que este já estava de papo cheio. Mas quando o elefante estava por perto, ele não se atrevia a atacar ninguém. Por isso decidiram arriscar e perguntar. Pelo facto de o Murilo não apreciar Libélulas como petiscos, Bela achou mais seguro ser ela perguntar:
- Bom dia Crocodilo Murilo, por acaso viste o pijama da minha amiga Zebra Xana das Riscas?
- Um pijama de Zebra, sem Zebra? Não! Se o tivesse visto era sinal de que a tua amiga já nem estava por perto. - E olhou para a Xana que já não tinha riscas.
-Uma zebra sem riscas onde é que isso já se viu? De facto, ficas cómica assim sem riscas, nem tenho apetite para te almoçar.
Foi aí que o elefante Mirante se meteu na conversa. O elefante Mirante era um elefante grande e possante e todos na selva o respeitavam, até o Leão que era o rei da Selva, perante o Mirante demonstrava muito respeito.
- Murilo, vê lá se não queres sentir o peso de um elefante. Já sabes que na minha presença, não atacas nenhum animal que venha beber ao rio.
- Oh Mirante tem calma- respondeu o crocodilo Murilo, - Eu não vou atacar ninguém, sabes bem que Libélulas é petisco que, não aprecio e uma zebra sem riscas era capaz de ser muito indigesta ou até estar estragada. Além disso estou de papo cheio.
-Bem, bem deixa-te de gracinhas Murilo, que eu sei bem do que és capaz.
Aproveitando para agradecer a Xana decidiu perguntar ao Elefante Mirante se este tinha visto o seu pijama:
_Obrigada, amigo Mirante por nos protegeres. Já agora podes-me dizer se viste por aí o meu pijama?
- Não, jovem Xana. Acho melhor marcares um a reunião com o nosso rei. Ele pode – te atender ao fim da tarde. Ao pôr-do-sol é hora de trégua na nossa selva. É a hora que o nosso rei atende todos pacificamente. E como é um rei digno cumpre, com a sua palavra de respeitar a trégua.
Assim o fizeram a Zebra e a Libélula. Aguardaram pela hora da trégua para irem à reunião com o Leão. Foram perguntando pelo pijama da zebra a todos que encontram, mas ninguém o viu e todos se admiravam, de ver uma zebra sem pijama.
Assim param o tempo até que o sol se começou a pôr.
-Vamos! Disse -Bela a Libélula está na hora, não podes desanimar.
Pois a Xana começava a ficar com um ar triste.
Naquele dia, o Leão não atendia mais ninguém, por isso a Xana foi atendida rapidamente:
- Acho que já houve um caso assim na selva. Mas não fui que o resolvi. Foi Macaco Pimpão que é um grande sabichão. Por isso acho que deves ir rapidamente falar com ele antes que a noite desça.
Xana e Bela agradeceram e despediram-se. Por sorte a casa do macaco Pimpão, era ali perto.
Assim que Pimpão viu a Zebra, ela nem precisou falar:
- Olá Xana, perdeste o teu pijama e estás à procura dele não é?
- Sim, macaco Pimpão, falei com o crocodilo Murilo mas ele nada sabia, O elefante Mirante, aconselhou-me a falar com o Leão e o Leão aconselhou-me falar com o Macacão Pimpão, pois todos sabem que é um grande sabichão.
- E fez muito bem. Isso não é grave. Não perdeste o teu pijama. Apenas como estás a crescer ele está a renovar-se. Está a deixar de ser uma jovem Zebra para te transformares numa zebra adulta. Mas se quiseres enquanto as novas riscas não aparecem a minha mulher que é um a grande costureira pode fazer-te um pijama.
- Oh caro amigo Macaco Pimpão, ela não se importaria?!
- Claro que não me importo. - Respondeu a macaca Rosa que era uma costureira habilidosa.
-É só tirar-te as medidas e num instantinho faço-te um pijama de meter inveja à mais bela das zebras.
E assim foi, Xana vestiu o pijama que macaca Rosa lhe costurou. Os dias passaram-se e um belo dia a beber no lago Xana verificou que as riscas tinham voltado à sua cara, pois o pijama que a macaca Rosa lhe oferecera só lhe cobria o corpo.
-Depressa tira o pijama falso! As tuas riscas voltaram! – Disse-lhe A Libélula Bela, entusiasmada.
Xana tirou o pijama e mirou-se no rio as riscas, tinham nascido de novo e ela tinha-se transformado numa bela zebra adulta com um magnífico pijama de riscas, que metia inveja a todas as outras zebras.
- Estás fantástica. Nunca vi Zebra tão bonita. O teu pijama novo é o mais belo que já vi.
-Obrigada Bela e obrigada por me ajudares a resolver o mistério do pijama desaparecido.
- Ora, os amigos servem para isso não é? Não é só para nos divertirmos!
-Tens razão, mas foste mesmo uma amiga fantástica. Apesar de seres tão pequenina ao pé de mim, foste uma grande amiga.
-Ora, nunca ouviste dizer que os amigos não se medem os palmos. Eheh- riu-se a Libélula.
-Só mais uma coisa, o que vais fazer com o pijama que a macaca Rosa te costurou?
A xana fez um largo sorriso.
- Vou guardá-lo. É uma recordação fantástica e quando eu tiver os meus filhos. Já não têm que ir à procura do pijama, pois eu já tenho um de reserva.
- É uma boa ideia.
E riram-se as duas a imaginar um futuro feliz para a Xana, que voltara a ser conhecida na selva pela Xana das riscas, mas agora chamavam-lhe a bela Xana das riscas.
Dedicado à minha sobrinha Alexandra
Escrito e ilustrado por mim

A lagarta Raquel

A lagarta Raquel

Raquel era uma pequena lagartinha verde e peludinha, que passava os seus dias numa folha verde como ela. Era muito alegre a lagartinha e adorava brincar especialmente quando chovia, enquanto se distraía na sua folha a passear. A nossa lagartinha adorava brincar nos lagos que as gotas de água de, orvalho formavam pela manhã. Pois para uma lagarta tão pequenina como ela, uma gota era um lago e não uma gota singela. E alegre brincava e pulava e a sua sede saciava. Até um que um dia depois de ter reparado que quando o sol brilhava estes pequenos lagos reflectiam a sua luz, pensou que provavelmente a sua imagem também seria reflectida. A nossa lagartinha estava muito curiosa, pois nunca tinha visto a sua imagem . E pensava muito esbaforida de correr e fugir aos pássaros que a tentavam caçar para almoçar, como seria a sua imagem. Seria só verde seria, seria muito bela colorida? E por isso era tão querida. Não aguentou a curiosidade e espreitou. Mas ao espreitar, assim que a sua imagem viu, imaginem só o que aconteceu?
A lagartinha Raquel
A nossa lagartinha, assustou-se e fugiu dali com quantas pernas tinha, a chorar. Sou tão feia é por isso que os pássaros me perseguem. Sou um monstro assustador. E assim com um grande desgosto foi procurar um esconderijo, pois depois de se ver tinha ganho ainda mais medo dos pássaros que a perseguiam. Passou por ela a sua amiga cigarra, que lhe perguntou onde ia tão triste e apressada. E entre lágrimas e soluços lá contou á sua amiga, os motivos da sua tristeza.
A Cigarra disse-lhe para não ficara assim, pois gostava dela era uma boa amiga, com a qual gostava de brincar. Mas a lagartinha muito triste respondeu-lhe que estava triste demais para brincar e que queria ficar sozinha. Embora tivesse ficado triste por não ter conseguido animar a sua amiga, a Joaninha fez-lhe a vontade e foi-se embora. Assim a lagartinha seguiu o seu caminho até encontrar um belo esconderijo. Estava bem escondida na árvore e conseguia através e um buraquinho minúsculo que lá existia, que o sol penetrasse na árvore. Assim acariciada pelos raios do sol e sentindo-se segura no escuro do seu esconderijo, a lagartinha deixou-se dormir. E dormiu muito tempo.
Aos poucos foi-se sentindo cada vez mais aconchegada como se estivesse num colchão macio e o seu sono era cada vez mais tranquilo. Passado algum tempo começou sentir-se apertada como se o esconderijo fosse pequenos demais e acordou sobressaltada a pensara que tinha sido apanhada. Morri e estou na barriga de um pássaro pensou ela. Mas logo viu que não pois conforme se mexia o fino colchão que a envolver durante o seu sono rompia-se. Estranhou já não conseguir rastejar. Apercebeu-se que estava diferente tinha patas e uns braços enormes e esquisitos muito coloridos. Que lindas cores. Se calhar estou no céu das lagartas, deve ser para onde vamos quando os pássaros nos devoram. Sendo assim já não tenho que me esconder. E avanço em passinhos hesitantes para fora do esconderijo. Ficou um pouco ofuscada com a luz do sol, pois permanecer muito tempo no escuro a dormir e dando mais um passo desequilibrou-se e caiu da árvore. Conforme se apercebeu que ia cair começou a agitar, muitos os braços e percebeu que estava a voar. Tinha um par de asas coloridas. Não eram braços eram asas e ela estava a voar. Que sensação fantástica. Devo ser um anjo disse em voz alta enquanto se aproximava de um alago pois tinha sede. mas mal acabara de dizer isso viu a sua amiga cigarra que lhe disse a rir:
- Ora Raquel, não és um anjo és uma borboleta. Estás a ver, ainda há pouco tempo choravas, por te achares uma lagarta feia e agora és uma magnífica borboleta.
-Verdade? Perguntou hesitante a lagartinha que agora era Borboleta.
-Sim, espreita no lago. E a lagartinha espreitou e ficou muito tempo a olhar.
- Sou mesmo sou uma linda borboleta. - E ficou muito feliz.
-És mesmo linda respondeu a Cigarra, mas sabes, eu gostava de ti na mesma quando eras apenas uma lagarta. Pois não importa se eras lagarta feia e peluda, ou se és uma borboleta linda. O que importa é que és minha melhor amiga. E eu posso contar contigo sempre que precisares
-Tens razão, a amizade é o mais importante. Vou procurar as minhas amigas lagartas para lhes contar a novidade. E assim foram as duas amigas, divertindo-se a voar. Faziam corridas, mas ganhava sempre a borboleta. Pelo caminho encontraram uma lagartinha que ia fugir muito triste e apressada. Era uma amiga da Raquel que mal a reconhecia, mas quando ela começou a falar com ela ficou espantada. 
-Mas tu não tens medo de mim.- perguntou-lhe a outra lagarta.
- Claro que não respondeu a Raquel, eu já fui como tu. Mudei por fora mas não por dentro. Se era a tua amiga antes , agora continuarei a ser, até porque te posso ajudar. 
E depois de lhe contar a sua história a outra lagartinha ficou mais animada e foram as três brincar muito contentes, a lagartinha, a cigarra e a borboleta Raquel. E foi assim que a lagarta, isto é a borboleta Raquel, aprendeu que não importa se somos feios ou bonitos, o importante é aquilo que somos por dentro e nunca abandonarmos os nossos amigos.
Dedicada a minha sobrinha Raquel.
Ilustrações minhas
17/04/2004

Uma aventura com fantasmas...

Ouvi um grande barulheira,

Vir de perto da banheira

Espreitei e fiquei pasma

vi o banho de um fantasma !

Não quis acreditar

e os olhos pus-me a esfregar,

Para me certificar

que não estava a sonhar…

Mas lá estava o fantasma

Sorridente a cantar.

Eu ali tão pasma,

nem consegui falar.

O fantasma fechou a torneira

e sorridente saiu da banheira

E sempre a cantar foi-se aperaltar

Pois ao baile não queria faltar.

Quando à sala cheguei

O que vi, eu nem acreditei!

Mil fantasmas a bailarem

Pensei: devo estar a sonhar!!!!

Foi então que ouvi espirrar

Era o pobre do fantasma

Que ainda tinha asma

E acabara de se constipar

Assim ganhei coragem de me aproximar

Para lhe falar bem pertinho

Quis dar-lhe um chá quentinho

Mas não o podia tomar

Sou um pobre fantasma com asma

Que não se consegue curar

Mas diz-me se não estás pasma

E com medo de me falar?

Confesso que fiquei admirada.

Pensei que não estava acordada.

Só posso estar a sonhar,

Para aqui estar a falar

O fantasma riu à gargalhada e

convidou-me para bailar.

Disse que estava acordada e ara não me admirar,

pois tudo me ia explicar.

Aquela era uma casa bem assombrada

Uma vez por ano, os fantasmas iam lá bailar

Era o baile anual dos fantasmas para festejar

Brincar e rir à gargalhada.

Pois o resto do ano, tinham uma vida muito ocupada

Que isto de ser fantasma, tem muito que se lhe diga!!!!

Somos convidados para assombrar castelos e casarões

por incrível que pareça , no turismo atrai multidões.

E agora minha amiga vou ter que partir

Mas foi bom te conhecer, para variar

Poder falar em vez de assombrar.

Disse o fantasma a sorrir.

Então o fantasma pediu para se despedir

à moda antiga.

Senti um apequena aragem de arrepiar

Era um beijo do fantasma me estava a dar

E ouvi-o dizer : Adeus amiga, gostei de te falar.

E quando olhei para o ar só vi fantasmas elegantes a voar!!!!

E eu ainda não acreditava, no que estava a ver.

Fui para o quarto descansar, fui-me deitar

Era o mais certo a fazer,

Só podia estar a sonhar.

Acordei com o sino a tocar

O sol já estava brilhar

Pensei no sonho e sorri que grande imaginação

Foi então que vi a dizer-me adeus

O fantasma constipado

muito bem aperaltado!

E fui assim que aprendi

A não ter medo de nenhum fantasma,

Pois até eles tinham asma

Não vêm nenhum por aí?????

Mamã Gansa/Pandora

sexta-feira, novembro 23, 2007

Pégadas de Areia Era uma vez, outra vez o mar… Marisol de olhos tristes e sonhadores, mais uma vez passeava descalça junto ao mar. O dia inda não rompera por completo, só agora se viam os primeiros raios de sol a se espreguiçar. Mas, todos os dias, àquela hora, Marisol passeava descalça junto ao mar. Aguardava a chegada do pai, que regressava da sua faina por aquela hora. Desde que se entendia por gente que gostava de aguardar a chegada do pai e ver os pescadores recolherem as redes. Quando a pesca era boa alegria, era tanta que parecia uma festa, e se por acaso calhava alguém passar na praia àquela hora, tinha por vezes a sorte de ser brindado com algum peixinho fresquinho, que assim “caído” do mar para o prato até sabia melhor. Mas quando a pesca não rendia, quase não se ouvia nenhum som, a não ser o suave marulhar das ondas e o pesado arrastar das redes vazias, anunciando, pratos vazios e dias de fome. Mas apesar de tudo os piores dias não eram esses, pois pouco tempo depois, com a graça de Deus (e dos peixes), tudo se compunha. Os piores dias eram aqueles em que por força da necessidade os pescadores se lançavam ao mar bravio e não mais tornavam. Os piores dias eram aqueles em que os pescadores por vezes eram surpreendidos com o mau tempo e só a muito custo regressavam. Naquele dia Marisol acordara com um estranho pressentimento. Dirigira-se para a praia mais cedo que o costume e agudizaram-se os seus medos. Das letras pouco sabia, (apesar das suas catorze primaveras já contadas), mas sabia ler nas nuvens e nas ondas a vontade do mar. E naquele dia o mar parecia-lhe bravo, enraivecido, irado por tudo e por nada, como um homem que em certos dias acorda zangado com a vida. As horas passavam-se e a embarcação de seu pai não regressava. O mar cada vez mais irado encapelava-se. Marisol ajoelhara-se na areia, as ondas por vezes acariciavam-lhe os joelhos deixando-lhe a saia molhada, e rezava pedindo que seu pai regressasse. A praia enchera-se de mulheres de, algumas vestidas de negro pelo mar lhes ter roubado os seus maridos. Falavam entre si e choravam, antevendo a mágoa de uma morte anunciada. Mas, Marisol permanecia queda e muda, olhos fitos no mar e pensamento firme em Deus, ignorando tudo em seu redor, como se, só ela, a praia e o céu existissem naquele momento. E, de repente, fosse pela reza de Marisol, ou porque a hora de seu pai ainda não tinha chegado, ou porque a vontade de Deus assim o queria: o mar amainou, o sol brilhou com mais força e o barco de seu pai regressou, com mais companheiros que tinham salvo de morte certa, motivo pelo qual se tinham atrasado tanto naquela manhã. Marisol ergueu-se e abraçou o pai assim que este chegou, chorando de alegria e alívio. Mais tarde dirigiu-se à capelinha para levara flores, para agradecer a Nossa Senhora a protecção a seu pai e seus companheiros e qual não foi o seu espanto, quando, ao começar arranjar as flores, verificou que os pés da santa se encontravam cobertos de areia húmida, olhou para trás e reparou que um rasto de pequenas pegadas marcadas de areia húmida conduziam ao altar da santa. Conto de ficção da minha autoria inspirado as lendas que a minha avó materna exímia contadora de histórias, natural de Olhão e filha de pescadores me contava na infância. Ilustração das fotos das fotos do sapo álbum de Nunoeninha

sexta-feira, outubro 10, 2003

Um Conto de reis

O rei sempre foi uma figura, mágica.
Quantos de nós năo crescemos a ouvir histórias de reis, dos seus grandes feitos e por vezes
também das grandes barbaridades e atrocidades por eles cometidas.
Mas em muitas das histórias os reis săo símbolos.
Símbolos de Justiça, de Humildade, de Vaidade, de Ambiçăo. Senăo vejam só.
O rei Salomăo é recordado como símbolo de Justiça.
Quem năo se lembra da passagem em que duas supostas măes disputam uma criança e ele tem que tomar uma decisăo.
Foi preciso coragem e sabedoria para dizer algo como "Cortem-na ao meio e dęem metade a cada uma".
De facto o rei Salomăo sabia que uma măe verdadeira preferia perder o seu filho vivo, a vę-lo morrer diante dos seus olhos e năo se enganou.
Enquanto a impostora ficou calada, esta implorou que parassem.
Cada vez que me lembro desta história fico com a certeza que ser Rei năo deve ser fácil.
E quem năo se lembra da famosa história "O rei vai nú!",em que o Rei com a sua desmedida vaidade se deixa vigarizar por dois artesăos,
que dizem fabricar um magnífico pano,visto só pelos mais inteligentes (que năo existia é claro!) , acaba a desfilar nú pela cidade !
E por falar em Vaidade, acho que esta é parente da ambiçăo, e melhor símbolo para a ambiçăo do que o Rei Midas eu năo conheço.
Acho que já toda a gente ouviu falar,mas para o caso de alguém estar esquecido ou desconhecer,
Midas é o rei que pediu que as suas măos transformassem tudo o que tocava em ouro.
O resultado foi triste, ele próprio se transformou em ouro. Mas nem todos os Reis săo tăo soberbos ou ambiciosos
. História interessante é a do Rei Canuto, que o povo venerava como se fosse um Deus.
Cansado de ser visto como alguém que năo,era, decidiu prová-lo ao povo.
Instalou o seu trono numa praia e convidou o povo a visitá-lo.
Esperou que a maré subisse até que a água lhe alcançasse os joelhos.
Quando a água o alcançou ele disse para o povo que năo era nenhum deus,
era um homem como outro qualquer ou teria tido o poder de mandar para a maré de subir.
Năo me lembro o fim da história, mas gostei dessa parte.
Eu recordo o rei Canuto como símbolo de Humildade.
Há ainda a história de um rei que decidiu dar uma liçăo aos seus conselheiros
e combinou com um aldeăo uma série de perguntas que nenhum dos Conselheiros conseguiu responder.
Desta forma o rei conseguiu que se tornassem mais humildes.
E podia continuar a contar histórias de reis, porque gosto de histórias de reis.
Histórias de reis que sempre acabam por se tornar símbolo de algum ensinamento importante.
Sei que normalmente aos reis se associa o poder, a vida faustosa e luxuosa,
mas quantas das vezes nos esquecemos que acima de tudo,
eles săo pessoas como nós com as virtudes e fraquezas.
É nessas ocasiőes que sempre me vem ŕ mente um conto de reis.

segunda-feira, abril 14, 2003


A Rosa perdida
Parte II Apareceu um homem naquela terra. O homem regressava a sua casa quando cansado e atrapalhado pela escuridăo se enganara no caminho e sem sequer saber como fora parar aquela terra. Após ter dormido toda a noite na sua carroça começou a passear pela aquela terra e intrigada ia pensando: - Que bela terra esta! Que flores tăo lindas! Como terei vindo cá parar? -Assim andava entretido nos seus pensamentos quando reparou na nossa Rosa e ficou maravilhado. Jamais tinha visto uma rosa com aquela beleza e que exalasse um perfume semelhante. Entusiasmado pensou - flor tăo bela como esta é digna do jardim de um rei! E mal acabara de pensar isto, começou a retirar a nossa rosa com muito cuidado, mudando-a para um dos vasos que transportava consigo.

A rosa estava estarrecida de medo. As outras flores que assistiam a tudo ficaram com muito medo também e muito tristes. Depois do homem se ir embora começaram a chorar, pois pensavam que a rosa estava morta. Mas a verdade é que a nossa rosa estava viva e feliz, pois a sua sorte tinha sido tal, que o homem que a recolhera era nem mais nem menos que o jardineiro do rei.

O rei que tinha uma grande paixăo por rosa possuía no seu jardim um enorme roseiral para onde a nossa amiga foi viver e onde se sentiu mais feliz do que nunca, apesar das saudades das outras flores com quem estivera tanto tempo e que tăo suas amigas eram. Estas ao saberem pelo vento as novidades de que a rosa estava viva e feliz, porque finalmente encontrara uma família de rosas, ficaram também muito felizes, apesar das saudades que tinha da sua amiga. Porém, o vento serve-lhes de mensageiro e traz-lhes sempre notícias da rosa, depois de contar as novidades da terra das flores a esta. Conta-lhes que a Rosa sente muito a falta das suas amigas flores, mas que é muito feliz porque agora tem a sua própria família, tem muitas rosinhas e adora o roseiral do rei.

quinta-feira, fevereiro 20, 2003

A Rosa perdida
Parte I

Um dia ouvi alguém dizer que não gostava de histórias que começassem por "Era uma vez..." mas a verdade é que as histórias mais bonitas que eu conheço começam todas por Era uma vez e como esta também é uma história bonita, é precisamente assim que vais começar.

Era uma vez uma flor, numa terra onde só existiam árvores e flores, os homens desconheciam essa terra por ficar escondida por detrás de uma grandes montanhas e os animais assustavam-se com a luz colorida que dessa terra saía. Existia uma lenda que falava de uma terra maravilhosa cheia de luz, árvores e flores coloridas por detrás das montanhas, mas poucos eram aqueles que tentavam lá chegar, e os que o faziam a meio das primeiras montanhas desistiam.

Assim as arvores e as flores viviam sossegadas na sua linda terra. E se a sua terra era linda, povoada das mais diversas flores que lhe davam o mais colorido. Mas entre tantas flores, distinguia-se aquela de que vos comecei por falar, porque era a única rosa que existia naquele lugar. Ela era a mais linda flor que lá havia. Muito vermelha, com umas pétalas suaves, exalava um perfume tão bom que o vento não resistia a espalhá-lo por todos os lugres que visitava.

A Rosa era tão bondosa como bela e desta forma todas as outras flores e mesmo as árvores a adoravam. Porém ela não era feliz e muitas vezes começava a chorar. Todas as outras flores ficavam muito curiosas e admiradas com o seu comportamento, até que um dia, um Malmequer vizinho lhe disse estas palavras:

- Rosa, Rosa, porque choras, se és desta terra amais formosa, a mais bela das flores por quem todos se perdem de amores, és de todos a mais querida e do vento a sua preferida?
- Sim eu sei que para vós eu sou a mais bela das flores e de entre vós a mais querida, mas não consigo para de chorar porque me sinto perdida. É que me sinto muito só neste lugar, pois vós malmequeres sois uma grande família e também vós papoilas , campainhas, e até as arvores são tantas que nem as conseguimos contar, mas eu nem mais uma rosa consigo avistar - respondeu-lhe a Rosa sorrindo, tristemente e continuou:
- Vós podeis juntar-vos e assim formar uma família, fazendo com que nasçam mais jarros, mais malmequeres, mais papoilas, lírios, Campainhas, mas eu quem é que tenho?
- Então! Nós todos gostamos de ti como se fosses da nossa família - retorquiu o malmequer.
- Sim! Sim! Eu sei e sinto-me honrada. Mas a verdade é que eu não posso ter uma família de rosas respondeu ela.

O Malmequer nada mais disse e ficou triste pela Rosa pois sabia que ela tinha razão e ninguém podia fazer nada. A verdade é que no mundo das flores, os Malmequeres só casam com Malmequeres, Os Lírios com os Lírios, as Papoilas com as Papoilas e as rosas com as rosas e como ela era a única que ali vivia jamais poderia ter uma família. Como é que ela lá teria ido parar? Ficou a pensar o Malmequer. A verdade é que ninguém sabia, nem ela mas supunha-se que alguém que se perdera deixara cair ali sem querer, embora fossem muito poucos os que lá passaram. E assim ficaram os dois, o Malmequer perdido nos seus pensamentos e a rosa na sua tristeza.
Os dias foram-se passando e o Malmequer em conjunto com as outras flores pensavam numa forma de ajudar a Rosa, mas nada conseguiram, até que muito tristes desistiram.

Até que um dia, oh surpresa das surpresas!

(Continua....)