quinta-feira, fevereiro 20, 2003

A Rosa perdida
Parte I

Um dia ouvi alguém dizer que não gostava de histórias que começassem por "Era uma vez..." mas a verdade é que as histórias mais bonitas que eu conheço começam todas por Era uma vez e como esta também é uma história bonita, é precisamente assim que vais começar.

Era uma vez uma flor, numa terra onde só existiam árvores e flores, os homens desconheciam essa terra por ficar escondida por detrás de uma grandes montanhas e os animais assustavam-se com a luz colorida que dessa terra saía. Existia uma lenda que falava de uma terra maravilhosa cheia de luz, árvores e flores coloridas por detrás das montanhas, mas poucos eram aqueles que tentavam lá chegar, e os que o faziam a meio das primeiras montanhas desistiam.

Assim as arvores e as flores viviam sossegadas na sua linda terra. E se a sua terra era linda, povoada das mais diversas flores que lhe davam o mais colorido. Mas entre tantas flores, distinguia-se aquela de que vos comecei por falar, porque era a única rosa que existia naquele lugar. Ela era a mais linda flor que lá havia. Muito vermelha, com umas pétalas suaves, exalava um perfume tão bom que o vento não resistia a espalhá-lo por todos os lugres que visitava.

A Rosa era tão bondosa como bela e desta forma todas as outras flores e mesmo as árvores a adoravam. Porém ela não era feliz e muitas vezes começava a chorar. Todas as outras flores ficavam muito curiosas e admiradas com o seu comportamento, até que um dia, um Malmequer vizinho lhe disse estas palavras:

- Rosa, Rosa, porque choras, se és desta terra amais formosa, a mais bela das flores por quem todos se perdem de amores, és de todos a mais querida e do vento a sua preferida?
- Sim eu sei que para vós eu sou a mais bela das flores e de entre vós a mais querida, mas não consigo para de chorar porque me sinto perdida. É que me sinto muito só neste lugar, pois vós malmequeres sois uma grande família e também vós papoilas , campainhas, e até as arvores são tantas que nem as conseguimos contar, mas eu nem mais uma rosa consigo avistar - respondeu-lhe a Rosa sorrindo, tristemente e continuou:
- Vós podeis juntar-vos e assim formar uma família, fazendo com que nasçam mais jarros, mais malmequeres, mais papoilas, lírios, Campainhas, mas eu quem é que tenho?
- Então! Nós todos gostamos de ti como se fosses da nossa família - retorquiu o malmequer.
- Sim! Sim! Eu sei e sinto-me honrada. Mas a verdade é que eu não posso ter uma família de rosas respondeu ela.

O Malmequer nada mais disse e ficou triste pela Rosa pois sabia que ela tinha razão e ninguém podia fazer nada. A verdade é que no mundo das flores, os Malmequeres só casam com Malmequeres, Os Lírios com os Lírios, as Papoilas com as Papoilas e as rosas com as rosas e como ela era a única que ali vivia jamais poderia ter uma família. Como é que ela lá teria ido parar? Ficou a pensar o Malmequer. A verdade é que ninguém sabia, nem ela mas supunha-se que alguém que se perdera deixara cair ali sem querer, embora fossem muito poucos os que lá passaram. E assim ficaram os dois, o Malmequer perdido nos seus pensamentos e a rosa na sua tristeza.
Os dias foram-se passando e o Malmequer em conjunto com as outras flores pensavam numa forma de ajudar a Rosa, mas nada conseguiram, até que muito tristes desistiram.

Até que um dia, oh surpresa das surpresas!

(Continua....)

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